Santa Marinha

Freguesia

Santa Marinha do Zêzere é uma freguesia do concelho de Baião, situada na margem direita da ribeira do Zêzere, afluente do rio Douro. O topónimo (nome da localidade) deriva da sua padroeira, Santa Marinha, mártir do Cristianismo, condenada à morte no ano de 130. A localidade situa-se a 10 Km da sede do concelho e a 5 km da estação do caminho de ferro de Ermida (Linha do Douro), estando ligada pela Ponte da Ermida à vizinha Vila de Resende. A freguesia foi elevada a Vila em 20 de Junho de 1991. Conta actualmente com uma população de 2.469 habitantes.

No seu património edificado avulta a Igreja Matriz, fundada como Ermida no século XI e reedificada no século XVIII. O seu interior guarda um património integrado de qualidade artística, objecto de restauro entre 2022-2023. Destaca-se o órgão histórico tardo-barroco bem como o tecto de caixotões datado de 1750. Os caixotões de talha emolduram painéis policromados narrativos de cenas biográficas da Virgem Maria, símbolos marianos (de Maria) e representações hagiográficas (dos Santos do Catolicismo). A Igreja foi classificada em Junho de 2015 como Monumento de Interesse Público (MIP).

Merece referência outro ponto histórico importante, o Lugar do Castro, onde outrora existiu um castro – ruínas arqueológicas dum povoado da Idade do Ferro característico das montanhas do Noroeste da Península Ibérica. Em Santa Marinha são numerosas as Casas Nobres, como a de São Pedro, que foi dos Carvalhos Pintos; as Casas Novas, dos Cunhas Coutinho, de Guimarães; a de Entre-Águas, dos Mouras Coutinhos; a de Travanca, Ermida, Ervedal, entre outras. Algumas são de acesso público por estarem entretanto dedicadas ao Turismo Rural e de Habitação.

A localidade destaca-se pela beleza da paisagem, da montanha ao rio, com a sua orla sul banhada pelo Douro. Não admira que o turismo seja uma das actividades económicas que caracteriza a freguesia, tal como a agricultura em que sobressai a produção de Vinho Verde. As feiras quinzenais realizam-se a 11 e 25 de cada mês.

A nível cultural e musical, o Coreto recorda a importância da Banda Musical da Casa do Povo de Santa Marinha do Zêzere, parceira do projecto ‘Órgão de Tubos de Santa Marinha do Zêzere – Inauguração e Programa Cultural’. A localidade destaca-se pela beleza da paisagem, da montanha ao rio, com a sua orla sul banhada pelo Douro. Não admira que o turismo seja uma das actividades económicas que caracteriza a freguesia, tal como a agricultura em que sobressai a produção de Vinho Verde. As feiras quinzenais realizam-se a 11 e 25 de cada mês.

Igreja: Cronologia

  • 1544 A paróquia pertencia ao Mosteiro de Travanca, anexa ao padroado da Companhia de Jesus, do Colégio do Espírito Santo de Évora, rendendo 250 ducados.
  • 1549 A igreja foi doada ao Colégio de Coimbra.
  • 1600-1680 Reconstrução do edifício. Feitura da Capela das Almas e respectivo retábulo.
  • 1750 Pintura dos caixotões da nave. Execução do retábulo das Santas Mães.
  • 1750-1800 Feitura do coro-alto, pintura do sub-coro.
  • 1793 Construção do órgão pelo mestre Jozé Antonio de Souza.
  • c 1850 Reforma da torre sineira. Feitura do retábulo-mor, execução do retábulo lateral de Cristo.
  • 1868 Feitura do relógio para a torre.
  • c 1950 Reforma da capela-mor e dos edifícios anexos, com pintura dos caixotões do tecto; ampliação do retábulo, com a construção das ilhargas e pintura da tela da tribuna.
  • 2015 Classificação da Igreja e Adro como Monumento de Interesse Público.
  • 2022-2024 Obras de requalificação, conservação e restauro do património integrado.

Banda Musical da Casa do Povo

A imprensa regional do início do século XX data a fundação da Banda Zezerense no ano de 1920, sob a regência de João Ferreira Couto. A primeira saída fora do concelho de Baião aconteceu em 1921. Na inauguração do coreto da freguesia em 1924 as crónicas registaram «…escuta-se agradavelmente e promete ajustar mais um florão à nobre divisa da nossa terra» (Jornal Flor do Zêzere). Da Banda Zezerense perdeu-se então o rasto, havendo relatos antigos de que tenha estado inactiva por alguns anos.

Após a fundação da Casa do Povo de Santa Marinha do Zêzere em 1937, reapareceu sob a designação de Banda Musical da Casa do Povo de Santa Marinha do Zêzere, nomenclatura que transportou até à actualidade. Muitos foram os regentes e os músicos que deram o seu contributo para que esta banda se afirmasse como uma das mais solicitadas para as romarias da região de Trás-os-Montes e Alto Douro, no final do século passado.

Em 2004 foi reformulada a imagem da Associação com adopção de novo fardamento, criação de símbolo e bandeira, que marcam a identidade da banda nos desfiles em que participa. Este fardamento foi renovado em 2018, para garantir uma nova e actualizada imagem. Em 2013 a Banda Musical da Casa do Povo de Santa Marinha do Zêzere gravou o primeiro CD intitulado Eternos, almejando perpetuar para a eternidade aqueles que participaram ou contribuíram para a história desta instituição.

O potencial artística da banda mantem-se vivo pelo permanente rejuvenescimento das suas estruturas humanas e pedagógica. O conjunto actual apresenta uma média de jovens, a par de elementos com mais de 15 anos de experiência. Na composição actual, todos os músicos são naturais do concelho de Baião, sendo mais de 90% formados na Escola de Música da própria Associação. Em 2021 a banda celebrou o seu Centenário, em concertos com participação do cantor João de Campos como solista.

Da sua participação em vários festivais de música, destaca-se o Festival Filarmonia ao Mais Alto Nível no Europarque em Santa Maria da Feira. Nos últimos anos a banda alcançou visibilidade televisiva no programa Verão Total da RTP1, no canal por cabo RegiõesTV, e no 2º Desfile Nacional de Bandas Filarmónicas do 1º Dezembro, evento em que representou o Distrito do Porto, com transmissão para todo o país através da RTP1 e TSF. Também a entrevista do Porto Canal reafirmou a qualidade dos músicos e o forte investimento na formação das camadas jovens.

Desde então, em conjunto com a Casa do Povo, a associação assume grande enfoque na formação de jovens músicos de calibre nacional, com o investimento constante em professores capazes de formar novas gerações de músicos e elevar a qualidade artística da banda. Este investimento traduz-se no rejuvenescimento das camadas, que torna esta uma das bandas filarmónicas mais jovens da região. Também as direcções da banda se caracterizam pela sua juventude e dinamismo, o que favorece a transmissão intergeracional de valores musicais e filarmónicos dentro da instituição.

Desde 2006 era seu director artístico Hermínio Fonseca, natural e residente no concelho de Baião, músico da Banda da Região Militar do Norte. Em 2023 assumiu a direcção artística Nelson Carvalho, natural de Rio Tinto, residente em Amarante, director pedagógico do Conservatório de Paredes. A primeira actuação sob batuta de Nelson Carvalho apresentou um reportório renovado, com incidência nas obras de compositores britânicos. Este concerto marca assim um período de renovação e inovação musical, como aposta para o futuro da associação.

Em 2024 a banda apoia e participa no projecto intitulado Órgão Histórico de Santa Marinha do Zêzere: Inauguração e Programa Cultural apoiado pela Direção Geral das Artes (Ministério da Cultura), dirigida pelo organista e musicólogo Dr. Nuno Mimoso. Na sequência do restauro do património artístico da igreja matriz e do seu órgão histórico, a Banda Musical de Santa Marinha do Zêzere está na linha da frente como instituição cultural centenária e escola das gerações de músicos que virão a dinamizar o órgão histórico de 1793 e o templo classificado da sua freguesia.